Com escuta atenta e trocas emocionantes, Amatra 17 inicia visitas tira-dúvidas do Programa Trabalho, Justiça e Cidadania nas escolas de Vila Velha
Teve início no dia 30 de junho a etapa tira-dúvidas do Programa Trabalho, Justiça e Cidadania (TJC), promovido pela Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho da 17ª Região (Amatra 17). Mais do que um momento de orientação jurídica, essa fase se revela como espaço de acolhimento, partilha e escuta — em que estudantes, professores, magistrados, advogados, servidores e acadêmicos de Direito se reúnem para conversar, de forma horizontal, sobre direitos, trabalho e dignidade.
O TJC no Espírito Santo conta com o patrocínio da empresa ArcelorMittal, que apoia o programa desde sua implantação no estado, em 2011. O conteúdo é trabalhado com base em cartilhas produzidas pela Anamatra, com temas como cidadania, direitos do trabalhador, assédio moral e violência de gênero, além da distribuição das revistinhas da série “MPT em Quadrinhos”, cedidas pelo Ministério Público do Trabalho — publicações que dialogam com o cotidiano dos estudantes e ajudam a traduzir o Direito em experiências reais e compreensíveis.
As escolas já visitadas incluem:
- UMEIFTI Reverendo Waldomiro Martins Ferreira – Xuri
- UMEF Aly da Silva – Ponta da Fruta (manhã e noite, com a turma da EJA)
Uma equipe diversa e afetuosa
Na manhã do dia 30/06, a equipe que visitou as escolas era composta por dez estudantes da FDV, a professora Gilsilene, o desembargador Hélio Mário, o policial judicial Josué, e os representantes da Secretaria de Educação de Vila Velha, Juliana Coutinho e Leonardo. A segurança no deslocamento até Ponta da Fruta foi garantida pela Guarda Civil Municipal, com os agentes Messias, Ramon e Falco, que acompanharam a equipe desde a Rodovia do Sol.
Na UMEF de Xuri, a turma pequena, de apenas 16 alunos, se mostrou inicialmente tímida, mas foi cuidadosamente acolhida pelas professoras, que ajudaram a puxar as primeiras perguntas. A atuação dos acadêmicos da FDV foi destacada: abordaram com clareza o sigilo das audiências trabalhistas, o uso depreciativo do termo "CLT", e explicaram como o assédio moral fere o trabalhador em seus direitos mais básicos.
Juliana Coutinho trouxe uma contribuição essencial ao explicar como funcionam os canais de denúncia para casos de trabalho infantil, e detalhou o trabalho realizado pelo PETI (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil) no município de Vila Velha. A fala sensibilizou alunos e professores, especialmente quando foi mencionada a dificuldade de identificação e a invisibilidade das situações de exploração infantojuvenil. Segundo ela, o momento também serviu para iniciar com a escola uma conversa sobre a culminância do projeto — quando os temas debatidos serão transformados em apresentações pelos próprios alunos. Entre os assuntos sugeridos para desenvolvimento estão assédio moral e trabalho infantil, ambos identificados como vivências próximas ao universo dos estudantes.
Na UMEF Aly da Silva, a turma da manhã — cerca de 35 alunos — se mostrou mais à vontade. O estudante Eduardo, que havia participado de visita ao TRT, iniciou a fala relembrando a audiência que assistiram e destacou o incômodo com empresas que exigem uniforme, mas não o fornecem, gerando gastos para o trabalhador — uma questão levantada como possível tema para a culminância. Foram discutidos também os efeitos do assédio moral na saúde do trabalhador e em sua vida familiar.
À noite de 01/07, a visita se estendeu à turma da Educação de Jovens e Adultos (EJA) da mesma escola. Juliana iniciou agradecendo a recepção e apresentou a equipe, formada por ela, Josué, o desembargador Lino Petelinkar e o advogado Kleber Corteletti. O pedagogo Maurício acolheu a equipe com entusiasmo, e os alunos, após um primeiro momento de silêncio, começaram a compartilhar dúvidas — uma delas, feita por uma aluna emocionada, dizia respeito a um caso envolvendo o filho há 19 anos e a demora do Judiciário.
Dr. Lino e Dr. Kleber responderam com serenidade e profundidade, explicando o funcionamento da justiça e seus entraves. A partir daí, surgiram muitas perguntas: sobre pensão alimentícia, FGTS, aposentadoria especial, férias, assédio moral — sempre tratadas com clareza, empatia e abertura. Ao final, Juliana e Josué explicaram sobre o trabalho de culminância, reforçando que a equipe está à disposição para continuar orientando os alunos até o dia da apresentação.
Josué, além de coordenador incansável da logística do programa, destacou ao final da visita o quanto o TJC só existe porque é feito em rede: magistratura, advocacia, educação pública, guardas municipais, universidades e, sobretudo, os estudantes. Segundo ele, “essa união é o que transforma o TJC num projeto de cidadania viva, feita com o pé no chão e o coração aberto”.
As visitas continuam…
Além das escolas já visitadas, ainda serão contempladas nas próximas semanas:
- UMEF Deputado Mikeil Chequer – Boa Vista
- Colégio Marista – Terra Vermelha
- UMEFTI Reverendo Antônio da Silva Cosmo – Jardim Colorado
- UMEF Professor Luiz Malizeck – Divino Espírito Santo
- UMEF Professora Nair Dias Barbosa – Morro da Lagoa
- UMEF Irmã Feliciana Garcia – Ilha dos Ayres
- UMEF Professor Thelmo Torres – Itapoã
Os voluntários que compõem esta edição do TJC:
Desembargadores(as):
– Hélio Mário
– Maria Francisca
Juízes(as):
– Rosaly Stange Azevedo
– Suzane Schulz
– Fontenelle
– Lino Petelinkar
– Lucy Lago
Advogados(as) e Defensores(as):
– Zeli
– Vinícius
– Ana Carolina
– Álvaro
– Emmanuelle
Servidores(as) e equipe de apoio:
– Josué
– Juliana Coutinho
– Leonardo
– Gonçalves
– Carlos André
– Joyce
Acadêmicos(as) da FDV:
– Alice
– Mateus
– Eduardo
– Júlia
– Joyce
– E outros(as) estudantes que integram as equipes de cada visita.
O programa conta com o patrocínio da empresa ArcelorMittal, apoiadora do TJC desde sua implementação no Espírito Santo, em 2011. Esse apoio tem sido fundamental para garantir a continuidade das ações e a ampliação do acesso à educação em direitos nas comunidades escolares.
Em cada escola, o TJC se reinventa: porque cada estudante tem uma história, cada pergunta traz uma experiência, cada encontro é uma chance de transformar. E o Direito, nesses espaços, deixa de ser abstrato: ganha rosto, voz e propósito.