Diariamente o sal está presente em nossas vidas. Na antiguidade já se verificava e também ocorrem nos dias atuais sacrifícios de animais. Nessas cerimonias se derrama sal grosso em respeito, pagando promessas e em agradecimentos à divindade.
No pão de cada dia, nas refeições o sal está sempre presente em maior ou menor quantidade.
O sal popularmente é utilizado para afastar energias negativas. Leonardo da Vinci, na “A Última Ceia” coloca um saleiro derrubado diante de Judas e apontando na sua direção. Dizia-se que quem entornasse sal deveria pegar um punhado do que foi derramado e lançá-lo para trás do ombro esquerdo. Quando nasce um bebê muitos passam nele o sal para purificá-lo. O padre na pia batismal coloca uma pitada de sal na boca daquele que é batizado, atendendo ao rito da celebração.
No meio jurídico fala ou se escreve a expressão latina “cum grano salis”, que significa como a lei ou o ato dever ser examinado e interpretado observando a devida cautela e equidade.
Jesus, no Sermão da Montanha, proclamou: “Vós sois o sal da terra. Se o sal perde o seu sabor, como tornará a ser sal? Não serve mais para nada; é jogado fora e pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte. ”
Desta forma, Jesus Cristo igual o sal da terra a luz do mundo, ou seja, essencial para todos nós.
Na música, Beto Guedes traduz o sal da terra como paz:
“ Vamos precisar de todo o mundo
Pra banir do mundo a opressão.
Para construir a vida nova
Vamos precisar de muito amor.
A felicidade mora ao lado
E quem não é tolo, pode ver,
A paz na Terra, amor
O pé na Terra
A Paz na Terra, amor
O sal da Terra! ”
Todavia existe também o sal insosso, sem sabor, que era utilizado para arrasar o solo, de tal modo que um condenado não pudesse mais utilizar o terreno de sua propriedade onde era lançado por ordem da autoridade para que ali nada mais crescesse.
O sal é essencial à terra, aos rituais sacrificiais, na interpretação jurídica e em muitos alimentos.
É, pois, o sal algo de importância reconhecida e exaltada desde a antiguidade, como bom ou mesmo em sentido negativo ao ser execrada a propriedade de alguém condenado criminalmente ao se mandar por sal nessa terra para que nela nada cresça, nada se produza.
HÉLIO MÁRIO DE ARRUDA
Desembargador Aposentado do TRT 17, Espírito Santo.
Professor Aposentado do Departamento de Direito da UFES.
Mestre em Direito Social e Relações Políticas pelo Departamento de História da UFES.
Especialista em Direito do Trabalho pela Faculdade de Direito da UFRJ.
Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito da UFRJ.
Autor de livros e artigos jurídicos.