Programa TJC 2025 percorre escolas de Vila Velha com escuta atenta e diálogo transformador
O mês de maio marcou o início das visitas presenciais do Programa Trabalho, Justiça e Cidadania (TJC) às escolas participantes em Vila Velha, para apresentação das ações que serão desenvolvidas ao longo do ano e para animar os estudantes a se dedicarem, para que sua execução seja um sucesso.
A iniciativa, que há mais de 20 anos promove a educação cidadã por meio do diálogo entre o Judiciário e a comunidade escolar, reuniu magistrados, servidores, estudantes de Direito e representantes da rede municipal em encontros cheios de significado e participação ativa.
As visitas começaram no dia 6 de maio, terça-feira, com passagens pela UMEF Waldomiro Martins Ferreira e UMEF Aly da Silva. A equipe foi composta por Josué, a Desembargadora Maria Francisca, a servidora Brunella, Helena Almeida, Eduardo e Joyce, todos calorosamente acolhidos pelas direções escolares e pelos estudantes. Os alunos demonstraram grande interesse nas conversas sobre cidadania, justiça e mundo do trabalho.
Na quarta-feira, 7 de maio, foi a vez da UMEF Irmã Feliciana Garcia e da UMEF Deputado Mikeil Chequer receberem a equipe formada pelo Desembargador Hélio Mário, a servidora Williana e as estagiárias Albimar e Isabela Vieira. As apresentações despertaram curiosidade e engajamento dos alunos, criando um espaço rico de trocas e aprendizados.
De acordo com o estudante de Direito da FDV e voluntário do Programa TJC, Albimar Brêda da Silva Junior, a visita realizada no dia 7 de maio de 2025 à UMEF Irmã Feliciana Garcia e à UMEF Deputado Mikeil Chequer, em Vila Velha/ES, foi muito mais do que uma atividade acadêmica. “Foi um reencontro com o sentido mais elementar do Direito: o compromisso com a dignidade humana, com a escuta, com o vínculo. Ali, entre jovens curiosos e outros nem tanto, mas todos cheios de vida, experimentei o que considero o núcleo moral da nossa vocação jurídica: estar ao lado, não acima; falar com, não para.”
Para Albimar, o Direito não pode seguir sendo uma linguagem hermética, repleta de jargões, quando sua verdadeira missão é construir pontes e não muros. “Devemos nos apegar mais à vida. Preocupar-nos, sim — mas, sobretudo, estar dispostos a realizar a vontade dos direitos e garantias fundamentais, não como intérpretes frios da norma, mas como intérpretes calorosos da condição humana. Como um médico que se curva à beira do leito, atento não só ao diagnóstico, mas à história do paciente.”
Inspirado por essa vivência, o estudante compartilhou também uma reflexão interdisciplinar: “Compreendo cada vez mais que o vínculo é biológico antes de ser cultural. Gosto muito de um artigo intitulado ‘Consolation as possible expression of sympathetic concern among chimpanzees’, de Teresa Romero, Miguel A. Castellanos e Frans B. M. de Waal (2010). Os estudos mostram que até os chimpanzés, seres sociais e complexos, constroem confiança pelo olhar. A fóvea ocular ativa neurônios específicos na amígdala cerebral, provocando uma reação moral, um vínculo. É por isso que um bebê busca o olhar da mãe ao nascer, ou que um cachorro nos entende quando o olhamos com verdade.”
E conclui: “Não criamos vínculos com discursos sofisticados, mas com presença, escuta e olhar. Naquele dia, nas escolas públicas de Vila Velha, cada aluno que me olhou nos olhos me ensinou isso. É esse o Direito que eu escolhi viver.”
Durante as visitas, foi exibido um vídeo institucional sobre o programa, foram apresentadas as ações previstas, os prêmios, a culminância do projeto, e houve a entrega das cartilhas que serão trabalhadas em sala de aula. Também foram discutidos os temas que serão desenvolvidos com os alunos.
No dia 8 de maio, quinta-feira à noite, a equipe visitou a turma da EJA da UMEF Aly da Silva, em Ponta da Fruta. A Juíza Lucy Lago, acompanhada das estagiárias Yasmin e Lívia, registrou em relato pessoal a experiência daquele encontro:
“Chegamos na UMEF Aly da Silva (EJA), em Ponta da Fruta, por volta das 18h40, em um dia chuvoso. Fomos recebidos pela Diretora Diana e por um grupo de professores muito simpáticos. A escola participa do Programa TJC com uma turma regular e com os alunos da EJA. Os estudantes ouviram atentamente a apresentação e foram bastante participativos. A turma da EJA é formada por jovens e adultos, como a Rosalina, de 61 anos. São curiosos por conhecimento e muito receptivos. A escola conquistou o segundo lugar em 2023 e está determinada a alcançar o pódio na culminância deste ano.”
Já no dia 12 de maio, segunda-feira, a programação seguiu nas escolas UMEF Reverendo Antônio da Silva Cosmo e UMEF Professor Thelmo Torres, com a presença da Desembargadora Maria Francisca, do servidor Josué e das estagiárias Isabel e Maria Eduarda. O envolvimento dos alunos foi crescente ao longo das apresentações, e a abordagem sobre o contrato de aprendizagem, os direitos trabalhistas e o valor do estudo na escola pública gerou debates relevantes.
A coordenadora de projetos da Secretaria Municipal de Educação de Vila Velha, Juliana Coutinho, que acompanhou diversas atividades, compartilhou sua percepção sobre o impacto do programa:
“As visitas estão sendo bem interessantes. Cada escola, cada aluno, tem um olhar diferente. Algumas turmas são grandes, outras pequenas, algumas mais agitadas, mas todas interessadas. E os professores, sempre comprometidos. A princípio, muitos alunos não entendem por que estamos ali, mas ao final da apresentação, todos ficam animados em participar do programa.”
Juliana também relatou conversas com professoras de História e de Português que estão coordenando o programa em suas respectivas unidades. Um dos temas discutidos foi a forma pejorativa como o termo "CLT" tem sido usado entre os jovens, o que abre espaço para trabalhar o valor dos direitos conquistados e da dignidade do trabalho.
Na visita do dia 13 de maio a equipe envolvida na atividade foi composta por dez integrantes: dois representantes do TRT (a Desembargadora Maria Francisca e o APJ Josué), seis representantes da Faculdade de Direito de Vitória – FDV (a Professora Gilsilene e as alunas Maria Eduarda, Isabel, Sofia, Alice e Nathália), além de dois membros da Prefeitura de Vila Velha (Juliana e Leonardo).
As atividades tiveram início na UMEF Reverendo Antônio da Silva Cosmo, localizada em Jardim Colorado. Segundo relato do servidor Josué, ele, a Desembargadora Maria Francisca, Isabel e Maria Eduarda chegaram à escola por volta das 12h45 e se dirigiram ao auditório, amplo e bem estruturado, onde aguardaram a chegada dos demais integrantes da equipe. Com todos reunidos, a Desembargadora iniciou a fala e os membros do projeto se apresentaram. Na sequência, a Professora Gilsilene conduziu uma exposição aprofundada sobre o Programa TJC, que gerou grande interesse entre os estudantes, com diversas perguntas durante e após a apresentação. O diretor da escola, professor Vinícius, acompanhou toda a atividade e fez questão de agradecer à equipe pelo trabalho desenvolvido. O encerramento foi marcado por gestos de carinho: a Desembargadora Maria Francisca foi surpreendida com pedidos de abraço por parte dos alunos, enquanto Josué foi calorosamente cumprimentado com apertos de mão.
Na parte da tarde, a equipe seguiu para a UMEF Professor Thelmo Torres, no bairro Itapoã, onde a atividade aconteceu em uma quadra interna coberta. No momento da chegada, foi montada uma tela para a exibição de imagens do programa. A diretora da escola, Geyza, deu as boas-vindas à equipe, mas precisou se ausentar para um procedimento médico, deixando a pedagoga Neide e demais auxiliares responsáveis pelo acompanhamento da atividade. A apresentação foi conduzida pela Desembargadora Maria Francisca, seguida das falas de Juliana, que exibiu vídeos e slides, da Professora Gilsilene e novamente da Desembargadora. Ao final, foram distribuídas cartilhas educativas aos estudantes. Como a quantidade inicialmente levada foi insuficiente, o servidor Josué prontamente buscou exemplares remanescentes no carro, deixando mais 20 unidades na escola.
No dia 14, a equipe que realizou as visitas foi composta pelo juiz do trabalho Luis Eduardo Fontenelle, pelo servidor Josué dos Reis, pelos acadêmicos de Direito Luiza, Helena e Murylo, e pela coordenadora de projetos Juliana, da SEMED. As escolas visitadas foram a UMEF Prof. Luiz Malizeck, no bairro Divino Espírito Santo, e a UMEF Profa. Nair Dias. A equipe contou com a presença do Juiz Fontenelle, do servidor Josué, dos acadêmicos Luisa Pereira, Helena Almeida, Murylo e Julia Fonseca. Foram realizados momentos de escuta e esclarecimentos sobre os temas centrais do programa, como os direitos sociais e o papel do Judiciário.
O juiz Luis Eduardo Fontenelle relatou que foi “uma manhã muito agradável”, destacou o interesse demonstrado pelos estudantes e afirmou que "esse ano a equipe de voluntários está bastante motivada" e que sentiu que os alunos das escolas participantes estão "muito engajados e animados para participar".
Em 19 de maio, a Escola Marista de Terra Vermelha recebeu uma equipe expressiva do TJC. Participaram da visita a professora Gilsilene Passon, o servidor Josué dos Reis e os acadêmicos Mateus Bastos Machado, Isabelly Barboza Pires, Carlos André Gomes de Paula e Rayane Conti Ferreira. As duas turmas do Ensino Médio foram reunidas no pátio da escola para participar do encontro. Após as falas da equipe do TJC, que apresentou o programa, seus objetivos e as etapas previstas, o vice-diretor Rodolfo Bernardino fez uso da palavra para agradecer, em nome da direção, pela renovação da parceria com o Programa Trabalho, Justiça e Cidadania. Ele destacou a importância da iniciativa para a formação cidadã dos estudantes e reafirmou o compromisso da escola com o projeto.
O coordenador Hélio Mário registrou que todos os integrantes da equipe foram calorosamente acolhidos pela comunidade escolar e relataram grande entusiasmo por parte dos alunos e professores. Segundo ele, "os estudantes demonstraram muito interesse e já compartilharam várias ideias sobre como desenvolver os temas em sala de aula, o que revela o potencial transformador do programa neste ambiente escolar".
As próximas etapas do programa incluem a aplicação e o debate dos temas em sala de aula, com base nas cartilhas entregues, seguidos da visita dos estudantes às instalações da Justiça do Trabalho – TRT da 17ª Região. Nessa fase, os alunos poderão assistir a audiências e conhecer de perto o trabalho de juízes, advogados, servidores, membros do Ministério Público e demais profissionais do sistema de Justiça.
O Programa TJC agradece a todos que contribuíram para o sucesso desta fase: magistrados, servidores, estudantes, professores, coordenações pedagógicas, direções escolares e instituições parceiras, incluindo a empresa patrocinadora
O Programa Trabalho, Justiça e Cidadania conta com o patrocínio da ArcelorMittal.